Viva,
Estava uma noite fabulosa. Quase sem vento, algumas nuvens altas e temperatura amena. O pesqueiro estava cheio de vida dentro e fora de agua. Cheguei com aquele que é o meu parceiro habitual e amigo de pescas, Pedro Pinguinha. Montamos as canas e lá fomos na conversa, disto e daquilo, coisas da vida...
Tinha recebido nesse dia duas embalagens de amostras da Keitech Swing Impact FAT em duas cores a Silver Shine e a Gold Flash Minnow no tamanho 5.8", que queria testar nas corvinas. Tinha uma dica que estas amostras no tamanho abaixo 4.8" são mortais ao engano no robalo em aguas mediterrânicas. Isto vale o que vale, mas nada como irmos experimentando coisas diferentes com espécies distintas.
Não havias os tons que queria e por isso acrescentei alguma cor às Keitech ao colocar um head jig de cabeça vermelha.
Tinha levado uma cana que comprei à bastante tempo e que queria testar naquele pesqueiro, porque permitia que o ângulo da linha da ponta da cana até ao fundo mesmo junto à margem é mais aberto, devido aos 3 metros de comprimento, melhor para trabalhar o peixe e ajuda a não roçar o fluorocarbono naquelas pedras perfiladas e direitinhas até à linha de agua.
Chegamos ao spot e estavam os habituais pescadores de fundo que com a sua simpatia e talvez curiosidade abriram alas para pescarmos entre eles. Estava a começar a descida da maré e estava criadas todas as condições. Alguns charrocos, algumas prisões resolvidas e uns olhares perdidos para a Trafaria.
Já com algumas horas de maré vazante e com o pesqueiro com cada vez menos agua, começaram os ataques às tainhas seguidas de um splash mais ou menos violento, depois uma pausa e um silêncio total. E foi num momento destes que senti um toque e ferrei...e pensei "olha mais um charroco chato...!!", em acção quase mecânica, recuperei um pouco e depois senti três cabeçadas de seguida, muito rápidas e ritmadas. "Eh charroco bravo...eles este ano andam atrevidos"...
Depois parei de recuperar e comecei a sentir peso na cana, primeiro devagar e de seguida a cana verga toda. "Ah, se era um charroco, foi comido por uma corvina..." pensei eu já a gozar.
Mais três cabeçadas de rajada e a cana continua vergada ao máximo até o carreto começar a largar linha. O drag estava bem fechado mas mesmo assim dei-lhe dois clicks do sentido do relógio. Afastei as pernas e procurei uma posição de equilíbrio. O que aconteceu de seguida foi uma luta de "leva linha, puxa linha", uma coisa quase instintiva, para a tentar coloca-la a meia agua e não deixar que afundasse ou que entocasse.
Mais três cabeçadas de rajada e a cana continua vergada ao máximo até o carreto começar a largar linha. O drag estava bem fechado mas mesmo assim dei-lhe dois clicks do sentido do relógio. Afastei as pernas e procurei uma posição de equilíbrio. O que aconteceu de seguida foi uma luta de "leva linha, puxa linha", uma coisa quase instintiva, para a tentar coloca-la a meia agua e não deixar que afundasse ou que entocasse.
Foi a força da cana que a puxou para cima, aproveitando para recuperar aquele pedaço de linha até ela voltar a levar linha até parar e repetindo a dose umas quantas vezes. Perto do fim, a corvina leva linha e assenta no fundo, procurando abrigo, quando começo a puxar com a força da cana reparo que não sobe e sinto uma rigidez na linha. Estava presa na pedras no fundo onde ela se tinha entocado. Folguei a linha duas vezes e dei um passo em frente, mais não podia, senão descia a rampa para dentro de agua.
Volto à carga com a cana e sinto a corvina a sair e a sentir mais cabeçadas, afastou-se da margem uns dois metros e a cana fez o resto. O peixe estava cansado e depois foi trazê-la com calma até à superfície . Duas manobras para a esquerda e para a direita e levei-a ao encontro do Pinguinha que estava com o grip na mão ali mesmo na linha de agua.
Marcou 10,825 Kg. Ao inspeccionar o fluorocarbon estava roçado em três sítios distintos e junto à amostra estava por um fio, mais um toque ou uma cabeçada mais forte e esta corvina ia-se embora com um piercing.
Esta corvina foi para casa, que depois de arranjada, guardei um dos otólitos, uma concreção de carbonato de cálcio, presente dentro das câmaras do ouvido interno. Através das camadas de anéis, consegue-se determinar a idade do peixe.
Equipamento | Descrição |
Carreto | Okuma Trio 40 |
Cana | Caperlan Lure 3.00 cw 30-60 |
Amostra | Keitech Swing Impact FAT 5.8" Silver Shine |
Cabeçote | 20gr Vermelho Anzol Gamakatsu |
Linha | Power Pro 15lbs |
Leader | Seaguar 0,33 fluorocarbon |
Abraços.
Fernando Rodrigues
Parabéns pela captura e pelo relato.
ResponderEliminarSó uma curiosidade... que idade tem uma corvina dessas?!
Abraço
Muitos Parabens Amigo!!! Já a merecias :)
ResponderEliminarEhpah, foi pena foi não estar presente... queria ter visto essa captura ao vivo. Deve ter dado muito trabalhinho. Agora esse Fluoro... tens que pensar em subir a parada.
Ah, e essas Keitech? Tiraste essas da cartola ;0
Tenho que ver isso.
Grande Abr,
Miguel
Miguel, foi o que eu disse ao Pinguinha. Gostava que estivesse comigo, mas há mais marés que marinheiros. Sangue frio e com o Pinguinha a debitar sugestões e conselhos sem parar....Foi giro de ver e ouvir.
ResponderEliminarAs Keitech foram uma aposta ganhadora. Já me disseram que ando à corvinas com material de Achigã...(sorriso)....
Gosto das amostras, é um vinil muito flexível e dentro de agua tem muita vida mas temos de ter algum cuidado porque rasga mais que os vinis que estamos habituados. Tem cheiro e sabor a Lula, deve ser por isso é que são para o Achigã...(piada seca).
Quero usar disto no tamanho 4.8" nos robalos em cenários urbanos e de street fishing.
O fluoro tem de subir para o 0,40...
Ab.
Fernando,
ResponderEliminarPara quem nada percebe de pesca que é o meu caso, reparo que não só és um grande pescador como um grande escritor. A tua descrição da pesca da corvina está digna de ser lida, transportas as pessoas para o momento que viveste com uma bela descrição. Parabens. Pela pesca e pela poesia. Miguel Pereira
Pedro Soeiro, penso que apenas os especialistas consigam determinar a idade através do otólito.Isto porque os anéis crescem a vários ritmos dependendo da temperatura da agua e do alimento disponível. Tinha três taínhas no bucho e um choco pequeno. Agora percebo porque lhes chamam burras...Ab.
ResponderEliminarMiguel, Obrigado pelos teus comentários, mais do que palavras e fotos, é o prazer que se tem em acção de pesca. Como já li algures, mais vale um mau dia de pesca do que um bom dia de trabalho.Ab.
ResponderEliminarMuitos parabéns pela captura e obrigado pela belíssima descrição!
ResponderEliminarSem duvida, um bom momento de pesca...
Abraço
Excelente relato, parabéns pela corvina.
ResponderEliminarUm Abração
Rui Taxa