23 de Julho, 2010
À hora combinada lá estava eu, equipado e pronto para uma jornada de surfspinning. Desta feita estava combinada uma pesca com o João Boavida, Homem do Mar e que dispensa qualquer apresentação.
Quando cheguei, o João já estava a fazer uns lances do lado esquerdo do esporão ali mesmo junto às pedras. Fiquei a apreciar a paisagem e aproveitei para ler um pouco o Mar. Estava como que eu queria. Com a maré a atingir o pico mais baixo às 20:41, estava com a fé de fazer a viragem e a enchente até às 24:00.
Entretanto ele viu-me e veio o meu encontro ao que aproveitamos para nos cumprimentar, trocar algumas impressões e lá fomos para o pesqueiro escolhido, que estava mesmo ali ao lado direito do esporão.
Puxámos da nossa argumentaria para o engano e separados por uns bons metros e estrategicamente alinhados por explicação do João, que para mim faz todo o sentido devido à experiência de capturas anteriores, começamos os lances. A coisa prometia, a maré era de feição, o final do dia estava com uma cor fantástica e a pedir amostras de cor dourada, laranja e vermelhas.
Lance atrás de lance lá sentimos uns toques, mas nada que nos deixasse em pulgas…Começamos com amostras duras, nos tons adequados ao final do dia, o João com uma Macua dourada/preta e eu a estrear uma Ocea D Complex (Shimano) de cores similares. Insistimos durante quase uma hora tendo mudado para uma Dansel branca tipo Sasuke e fiz mais um quarto de hora assim. Nada de Labrax.
Estava na altura e na hora de mudar para a arma secreta. O João colocou um vinil da Xorus, Rolling Shad em laranja e eu Sand Eel da Savage Gear na cor de vermelho vivo e verde florescente. Fiquei impressionado com a capacidade de voar daquela amostra, conseguia quase as mesmas distâncias que as amostras duras embora o vento se apresentasse irregular, tanto vinha de norte como de este.
O sol estava já muito baixo e manchava a agua de tons de vermelho e laranja. Trabalhava a amostra primeiro deixando-a cair no fundo, e depois com toques de ponteira mais ou menos vigorosos e recuperações lentas, fazia com que a amostra subisse e a seguir mergulhasse na areia, ficando metade enterrada, para a seguir levantar e subir levantando um reboliço de areia. Fiz esta simulação junto à margem e é incrível como a amostra funciona na perfeição, imitando uma enguia da areia.
Sand Eel da Savage Gear
Conseguia lançar para trás da rebentação, esperava uns segundos bons, e sentia a amostra a cair no fundo. Estava com esperança que os granditos andasse lá à frente e com a amostra no fundo e na parte mais funda, aproveitava para dar uns toques mais fortes, que iam diminuindo à medida que a amostra se aproximava da margem. E foi a meio caminho, invariavelmente no espumeiro que ferrei o primeiro. Ainda fez cantar o VS-30, mas pouca linha levou. Pesava 1,2kg. Acondicionei o peixe no saco rede e numa poça de agua junto às pedras.
Rolling Shad da Xorus
Antes de voltar aos lances, fui trocar umas impressões com o João. Tinha sentido um toque bom, mas não tinha a certeza se era de facto um ataque. Voltei a posicionar-me no meu sitio e a noite queria instalar-se ainda com uma luz alaranjada no horizonte. Lancei para a minha esquerda e o vento levou-me a amostra para a minha frente. Fiz uma pausa e comecei a animar. Mais uma vez no espumeiro, ferro outro, mais pequeno que apesar de todos os cuidados, chegou às minhas mãos impecável, mas ao tirar a amostra que estava ferrada no canto esquerdo da boca, deu um safanão forte e o dedo polegar que estava dentro da boca, escorregou para o lado da amostra, fiz força e fechei mais a mão e acabei por rasgar a boca ao peixe e por um triz não me ferrei entre o polegar e o indicador. Pobre coitado, pesava 900g e merecia mais vida. Fiquei atrapalhado e até um pouco envergonhado, ao ponto de pensar seriamente em comprar um xalavar daqueles de pega curta para os aconchegar e devolver.
Tratei do peixe como fiz ao anterior e voltei à acção de pesca. A noite estava no seu pleno e a Lua no nosso lado esquerdo iluminava a agua, deixando um rasto vivo de prata. Estava na hora de mudar de amostra. Aquela cor teve o seu momento. Mudei para uma Sand Eel branca pérola e repeti o ritual. O João fez o mesmo com uma Rolling Shad da Xorus. Lance atrás de lance e sem qualquer toque, fiz uma mudança drástica e passei com um Sand Eel escuro com proporinas prateadas. Testei a amostra ali na margem e percebi as razões pelas quais de devem usar amostras escuras em dias de Luar. São perfeitamente perceptíveis os movimentos da Sand Eel, mais naturais do que a cor branca, que na minha opinião se deverá usar durante o dia ou Lua Nova.
Fui à pesca de T-shirt a pensar que a noite seria amena, e de facto até o foi até certa hora. Eram umas 22:15 sensivelmente, quando chegou o Miguel Carrilho com um amigo a quem ele quer por o vicio e aproveitei para fazer uma pausa e conversar um pouco com eles. Entretanto o João, já entorpecido pelo frio, diz-nos que vai fazer uns lançamentos junto às pedras e depois recolhe a casa.
Fiquei mais uns minutos bons, mudando de amostras e mudando também de sítio, mas nem mais um toque. Agora quem estava enregelado era eu. O Miguel queira ir experimentar do lado esquerdo do esporão e saímos os três do pesqueiro e quando conversávamos vimos o Pedro Pinguinha a chegar. Ficaram os amigos a lançar e eu fui para casa, limpar o material e secar os ossos.
Até breve!
Ficha Técnica
- Cana Okuma Salina Seaspin 9'.6" CW(10-40)
- Carreto Okuma VS-30A
- Linha Power Pro 15Lb green
- Terminal fluorocarbon Seaguar 0,33 com snap de carbono.
- Amostras de vinil Sand Eel da Savage Gear.
Condições do Mar
- Viragem da maré e enchente, Lua quarto crescente, ondas de 1 metro, às 20:45 e 21:00.