Viva,
Tinha de me inspirar de alguma forma para escrever este artigo, não sei se hoje é o dia, mas tenho de tentar libertar algumas ideias e esclarecer alguns aspectos interessantes e outros nem por isso.
O tema é a pesca leve nas rochas, ou seja o famoso LRF. Digo já de caras que vou falar disto, porque sei do que estou a falar. Eu pesco LRF.
Cada um faz a sua pesca como quer, como aprendeu e como pode. Pescar é na sua essência um desporto, uma diversão, um passatempo onde é suposto o pescador gozar de umas horas a fazer aquilo que gosta mais.
A nossa cultura associa os pescadores e a pesca como uma prática pouco interessante, de quem se senta numa cadeira e espera...que suja a praia e as pedras, que fala mal e que são algo rudes... Na minha opinião, em parte existe alguma verdade sobre algumas questões de falta de civismo, mas o que existe verdadeiramente, é uma ignorância enorme em relação à pesca e aos seus praticantes, por parte das pessoas em geral.
Mas a comunidade de pescadores também tem os seus mitos e preconceitos. E são evidentes e sempre mais pronunciados quando surgem novos hábitos, novos estilos, que rompem com os valores os quais estão habituados e que sempre viveram. Chama-se desdém (desprezo carregado de orgulho)
Imaginem a confusão que faz a pescadores que toda a vida ambicionaram pescar robalos, uns atrás dos outros, sempre à procura do robalo da vida deles, quando surge um pescador que cujo divertimento é apanhar cabozes com uma cana que quase nem se vê, um carreto minúsculo e uma linha ridícula com um grub na ponta ferrado com anzol 8# ou 10#? Ou umas cavalas gordas, ou outra espécie qualquer......... Espere, as cavalas já não faz tanta confusão porque aquilo come-se........Fritinhas com farinha......ou escaladas com muito sal, mesmo a pequeninas....
Light Rock Fishing, é uma designação dada pelos criadores deste estilo. Já ouvi tanto disparate sobre esta modalidade que dá a impressão que perturba a mente das pessoas mais agarradas aos mesmos hábitos de pesca.
Sabem que esta modalidade pode ser praticada com amostras de Achigã, ou vinis pequenos de outras pescas de agua doce? .., e que são usados à décadas por estas pescas. Os Japoneses foram os criadores disto e isso tem uma razão de ser. São exímios pescadores de trutas, de pequenos peixes nos ribeiros, o Ayu por exemplo. Primam por desenvolver técnicas de enganar os peixes com artificiais, na arte de iludir um peixe, seja qual a espécie ou o ambiente.
Há quem pense que o LRF é obra da industria de artigos de pesca, para vender mais e enganar mais uns incautos pescadores. É tanto isso, como a venda de material de pesca para outros estilos e modalidades. Não era preciso as marcas criarem artificiais para o LRF, como já disse, estes já existiam, foi só usa-los. Portanto, aqui também reina a santa ignorância, o mito rancoroso e o preconceito deslavado e diga-se, uma certa estupidez natural.
O LRF é uma forma brilhante de iniciar os mais novos na pesca com amostras. Ajuda a identificar as espécies, a desenvolver as técnicas o contacto com o material de pesca. Como os peixes capturados têm pouco interesse gastronómico e são pequenos, mas fazem parte da cadeia alimentar e do equilibro dos habitats, induz-se aos mais novos, o respeito pelos seres vivos e a importância em libertar os peixes, a forma de os manipular.
O LRF não presta, mas o HRF é fixe...(a cana é mais forte..e já dá pró robalo....)
Bom...esta então é para analisar com mais calma Cá está a mesma lógica, o mito, o preconceito e mais uma vez ignorância. Pelo que tenho visto e ouvido por ai, afinal temos pescadores de LRF e HRF mas da Internet, ou então compraram uma cana e um carreto e andam por ai a pescar às escondidas dos amigos com medo de serem gozados. Dou um conselho. Se um dia for apanhado a fazer LRF, digam que estavam a estudar o pesqueiro, a ver se havia comedia pró Robalo entrar...Ou então que o Tareco é doido por cabozes! Pode ser que não seja ostracizado...ou bombardeado com laivos de ignorância.
Calculo que se conta pelos dedos de duas mãos, os praticantes deste estilo em Portugal e o LRF não é nada uma variante do Spinning, a não ser o spinning do carreto, porque de resto, e equipamento, o material, as técnicas e as espécies são totalmente diferentes.
E é tão verdade, que mesmo dentro das variedades de Spinning (Surf, Estuário, Light,..) têm as suas diferenças, que fazem a MAIOR diferença.
A melhor resposta a estes mitos, preconceitos e ignorância, são os grupos de Rock Fishing sediados no Facebook, com praticantes no Reino Unido, um grupo fortissimo de HRF, com canas da Century desenhadas propositadamente, ou em Espanha com dezenas de praticantes e relatos e fotos diárias de capturas fantásticas, em Itália com vários grupos a concorrer com os Espanhóis, Grécia, Malta, Marrocos, Tunísia, Turquia, França com uma tradição de anos e que derivou no Street fishing, nos rios que atravessam as grandes cidades.
Sim, são milhares de praticantes de LRF que andam por ai a divertirem-se, a pescar, fotografar e libertar. E o número não pára de aumentar, para gáudio de quem se diverte com isto, e com cólicas viscerais, diria mesmo, autênticos nós na tripa, de especialistas a nível das generalidades da pesca com amostras, onde tudo se resume ao Spinning, isto porque o carreto dá voltas sem parar...
Se a industria vai acompanhar ? Pois concerteza que vai e faz muito bem, como fez com o Spinning, Shore Jigging, etc..etc...
O LRF veio para ficar, o HRF também, e venham mais estilos, porque a vida é para a frente e estamos sempre a aprender.
Já agora, sabia que vem ai o Ajing e que o Eging tem de ser potenciado e mais desenvolvido em Portugal ?
Gosto muito de pescar com amostras ao Robalo, em Surf Spinning, Light Spinning, Urban Spinning, Rock Spinning, Shore Jigging, mas também gosto de uma sessão de Ultra light spinning ou se quiserem Ultra light jigging e LRF sempre que posso....
Divirta-se com a pesca que mais gosta, mais se adequa à sua pessoa, faça todas as pescas de puder, mas divirta-se, porque a pesca é isso mesmo.
Abraço.
Fernando Rodrigues.